No decorrer da minha prática profissional deparo-me recorrentemente com uma queixa: as "birras" dos filhos! Mas para ajudar os pais vamos refletir um pouco. Antes de mais é preciso esclarecer que não existe uma solução milagrosa para as "birras", cada situação será diferente, é importante conhecer a situação / problema. Quando ocorre uma "birra" para quem está presente é um momento assustador, frustrante, exaustivo, mas do ponto de vista desenvolvimental pode ser uma situação "normal" ou mesmo um momento saudável de desenvolvimento e aprendizagem! Uma "birra" é uma expressão de multiplos sentimentos e para a entender devemos compreender a relação desses sentimentos como o temperamento e estádio de desenvolvimento da criança, bem como as características dos pais e cuidadores. Alguns "causadores de birras": afirmação do eu, chantagem emocional, medo, dificuldade em expressar o que querem, dificuldade em gerir as emoções, tarefas características de desenvolvimento, busca de atenção, aprendizagem feita em situações anteriores... Momento de reflexão no momento da "birra": 1. Como se está a sentir o meu filho? Que razões tem ele para estar a fazer esta birra? 2.O que o meu filho é capaz de fazer? Consegue perceber a noção de consequência e de causa-efeito? Conseguirei negociar com ele? Neste momento de stress quais destas competências é capaz de usar? 3. Que estratégias para lidar com a situação já conhece e já experimentou? Já lhe ensinei noutra ocasião o que poderia fazer? 4. Quantas instruções consegue seguir? Os pais se, num momento de "birra", conseguirem parar e refletir por um lado conseguirão de maneira mais eficaz ajudar o filho a ultrapassar essa situação, por outro são exemplo de como é possível controlar as emoções e manter a calma em momentos de stress!
0 Comentários
No seguimento do post anterior - Quando procurar ajuda - surgiu a necessidade de responder a outra questão, ajudando cada um a refletir acerca do melhor local onde procurar a ajuda necessária. Perante uma situação que configura um problema para a família e visto terem já esgotado todos os recursos internos, é altura de procurar ajuda! Com tantas opções disponíveis, profissionais (conselheiro parental, psicólogo, pediatra...), ou não (família alargada, amigos, grupos no facebook...), será importante colocar as seguintes questões antes de optar por uma. 1 - Terá os recursos necessários, será que têm conhecimentos acerca do assunto em questão? 2 - Trará novos elementos que me consigam ajudar a pensar? 3 - Será que há um distanciamento emocional, ou as respostas vão ser dadas apenas de acordo com a sua própria experiência? 4 - Terei a minha privacidade assegurada ou corro o risco de me expor e deixar que invadam o espaço da família? 5 - Será que vão respeitar as minhas visões preferidas de família, os nossos valores e o caminho que pretendemos seguir? Posto isto, o importante será encontrar uma alternativa que vos ajude a pensar, refletir, ofereça estratégias adaptadas a toda a família, mas acima de tudo que respeite as vossas opções sem críticas ou julgamentos! Quando somos pais deparamo-nos com inúmeras situações pondo à prova a nossa paciência, conhecimentos, criatividade e capacidade de improvisar. Mas há alturas em que essas situações nos ultrapassam, seja pela sua intensidade seja pelo tempo que permanecem ou por termos já esgotado todos os nossos recursos, assim tornam-se problemas enormes, obstáculos que nos parecem incontornáveis. Duas famílias distintas podem estar a passar por situações semelhantes mas para uns configurar um problema e para outros não, assim, não vale a pena compararmo-nos com os outros! Em algum momento temos de parar e pensar "Será que preciso de procurar ajuda?" Aqui vão algumas dica para ajudar na reflexão de forma a ponderarem se será necessário ou não procurar ajuda externa. 1- Será que a situação por que estamos a passar coloca em causa... a) O bem-estar ou desenvolvimento da criança no presente? b) O bem-estar ou desenvolvimento futuro da criança? c) O bem-estar da família? 2 - Será que já esgotámos todas as nossas estratégias? Ou estamos tão envolvidos emocionalmente que não conseguimos pensar de forma criativa? 3 - O desgaste está a incapacitar a família de viver o seu dia a dia de forma feliz? 4 - Sentem que neste momento se encontram longe da vossa visão preferida de família? Após pensar um pouco nestes pontos cada um chegará à conclusão se é ou não necessário procurar ajuda! |